CORDÉIS

MEDICINA


Alopatia ou fitoterapia?
Cada uma, seu valor!
Antigamente, curandeiro,
Hoje, um formado Doutor.
Nossa rica medicina,
A descoberta da penicilina,
Osvaldo cruz, sim senhor...

A antiga rezadeira,
Com ervas de todo o jeito,
Curava, de espinhela caída,
Até catarro no peito.
Pro pulmão, tinha o saião,
Pra gripe, capim limão,
Pra muitos, era perfeito.

A mulher tinha o bebê,
Na mão de uma parteira,
A sorte estava lançada,
Na cama ou na esteira.
Se normal fosse o parto,
O choro ecoava no quarto,
Era festa a noite inteira.

Se desse complicação,
Era óbito na certa,
Salvava-se uma ou outra,
Se a parteira fosse esperta.
Nessa dura realidade,
Tempos de dificuldades,
Mas avanços e descobertas.

Há quem diga que pra saúde,
Só bastam as plantinhas do mato,
Mas o perigo é constante,
Realidade de fato.
Nossa fitoterapia,
Não é simples alquimia,
Pode não sair barato...

Remédio é coisa séria,
Tem que haver disciplina,
Não é coisa que se aprende,
Ali, em qualquer esquina,
Sabedoria popular,
O teste pode provar,
Se é benéfica a toxina.

Pesquisas de laboratório,
Revela o princípio ativo,
Qual a dose correta,
Registradas em arquivos.
Se química ou natural,
Deveras fundamental,
A cura dos seres vivos.


Carlos Mambucaba

INSÔNIA

Cortante é a faca da insônia,
Um constante pesadelo,
Uma noite mal dormida,
Uma dor de cotovelo.
O ciúme eletrizado,
Ausência do bem amado,
Nas mãos frias de gelo.

Se pudesse ser diferente,
A prática não ser constante,
Evitaria o ranger dos dentes,
A tristeza neste semblante.
O sentimento é de abandono,
Semelhante a um cão sem dono,
Numa espera estressante.

Então chega o momento,
Uma entrada sorrateira,
Como se fosse um bandido,
Sabendo que fez besteira.
Articulando uma desculpa,
Ausentando-se de culpa,
Jurando ser verdadeira.

Um intenso bate boca,
Palavrões e xingamentos,
Se batom tiver na roupa,
É maior o sofrimento.
Madrugada interminável,
A prática não é saudável,
Destrói qualquer casamento.

O prato que está na balança,
Pesa muito nesta hora,
Muito justa esta cobrança,
É por isso que ela chora.
Ela pensa na família,
Perde força, se humilha,
Dá vontade de ir embora.

Novamente a consciência,
Diz pra ser tolerante,
Pensar nos filhos pequenos,
Nas pontas deste barbante.
Estratégia de uma saída,
A noite já foi perdida,
É sábio vê a diante...

Depois da atribulação,
O casal se harmoniza,
Há mágoas no coração,
Mas o tempo cicatriza.
O amor é a resposta,
Contido nesta proposta,
O restante, se ameniza...




Carlos Mambucaba










SINA DE POETA

Tire-me todos os títulos,
Menos, o de poeta!
É minha força de sansão,
E do cupido, a minha seta.
Minha vida, minha razão,
Minha forma de expressão,
Meu destino em linha reta.

Deixe-me nu, eu não me importo,
Mas deixe-me um lápis e um caderno!
Pois conquisto tudo de novo,
Tornando-me ainda, eterno!
Diante da circunstância,
Meço com passos, a distância,
Se mais perto do céu ou do inferno.

Não tenho meias palavras,
Pra dizer o tudo que sinto,
Meus valores são explícitos,
Por isso que nunca minto.
Evito as contradições,
Enalteço as emoções,
Ainda, que no labirinto.

Escrever é minha sina,
Está no meu DNA,
Minha válvula de escape,
Não vejo o tempo passar.
É meu chão, a minha base,
Anunciada em cada frase,
É minha forma de amar.

Atividade prazerosa,
Pra muitos é coisa séria,
Por isso que tem valor,
Sobrepõe à lei da matéria.
É fonte da árvore da vida,
Da chegada à partida,
Aproveito ao máximo as férias!

Não tenho medo de perder,
O vil metal que conquistei,
Mas, eu morreria de desgosto,
Se eu afirmasse:  -Abdiquei!
Dos meus textos, poesias,
Das minhas ricas fantasias,
Do meu sonho de ser rei.

Meu reinado é metafórico é claro...
Pois sonhar é permitido!
Um castelo de ilusões,
Desperta-me fortes sentidos.
Cada letra, uma barra de ouro,
Um livro, um baú de tesouro,
Minha arca de sonhos perdidos.
CARLOS MAMBUCABA


CENÁRIO POLÍTICO EM ANGRA DOS REIS

No cenário político,
Na cidade de Angra dos Reis,
A história se repete,
Sublime, mais uma vez.
Homem de capacidade,
Experiência, simplicidade,
Prudência e sabedoria.
Hasteou sua bandeira,
Mostrando a sua maneira,
Exemplos no dia a dia.

O voto que vem do povo,
Representa a esperança,
O sol brilha de novo,
Não importa a distância.
De Mambucaba a Garatucaia,
Justiça é sua praia,
Na prática democracia.
Importante estar presente,
Trabalhar pelo mais carente,
Energia com harmonia.

Sempre esteve disponível,
Para aquele que precisa,
Exímio anfitrião,
Na luta, veste a camisa.
Sua marca é notória,
Pois carrega na memória,
O critério da perseverança.
Na conquista do objetivo,
O apoio é decisivo,
E faz parte da cobrança.

Compondo o legislativo,
Parente faz sua parte,
Saber usar a tribuna,
Com seus pares é uma arte.
Liderança comunitária,
Sua tendência primária,
Talento reconhecido.
O voto veio do povo,
Prometo votar de novo,
Muito justo e merecido.

CARLOS MAMBUCABA

A NATUREZA DO BEM

Acho uma grande injustiça,
Não dá valor à natureza,
É dela a nossa origem,
E do que se Põe na mesa.
Alimentos consagrados,
Os valores pouco dados,
Origem de tanta pobreza.

O mundo fala de fome,
Que é preciso união,
O protesto e necessário,
Água limpa, ter o pão,
Ajudar é importante,
Não precisa comprovante,
Pra ser bom de coração.

Cada um com sua parte,
Bom seria, sem cobranças,
Jogar o lixo no lixo,
Sentir mais confiança.
Natureza ser natural,
O princípio, fundamental,
O legado como herança.

É tempo de reciclar,
Valorizar mais, a luz,
Nosso bem mais sagrado,
A força que nos conduz.
O ar menos pesado,
No mar, ter mais pescado,
Alívio da nossa cruz.

O filho é a semente,
Que queremos germinar,
Como o filho do pai,
Que ensinou-nos a sonhar.
Fortalecer a esperança,
Como regra, a mudança,
Provar, como se amar.


Carlos Mambucaba


UM CORDEL DE AMOR

Vejo-me aqui de novo,
Com liberdade de expressão,
Vaidades e verdades,
A poesia no coração.
A árvore da prosperidade,
Com intensa capacidade,
Destino da evolução.

Uso então a caneta,
E também a inspiração,
E é assim que almejo,
Poética provocação.
Terabyte de mensagens,
Modificam as paisagens,
Sempre não a traição.

Falo de amor com clareza,
Na língua, não tenho papa,
Aponto essa direção,
Se precisar, faço um mapa.
É meu tema de destaque,
Já estou ficando craque,
Com a assinatura na capa.

Objetivo e direto,
Concreto ou abstrato,
A importância do amor,
Na influência de um fato.
Um tema que dá prazer,
À relevância de um ser,
É sempre o primeiro ato.

Cada um tem sua verdade,
A visão do certo ou errado,
Mas os caminhos se encontram,
Presente, futuro e passado.
É deveras e muito polêmico,
Antigo e acadêmico,
Mesmo assim, atualizado.

Se pra alguns não faz sentido,
Pra muitos, primordial!
É a caixa de pandora,
Essência do bem e do mal.
O amor é a resposta,
A dimensão da proposta,
É de cunho universal!


Carlos Mambucaba




MERDA NA CABEÇA

Numa fila de um banco,
O meu vicio começou,
No meu bolso, só papel,
E um simples lápis de cor.
Paciência, já me faltava,
A grande fila não andava,
Fazia muito calor.

Ali,desde de bem cedo,
Eu precisava do Dinheiro,
Do fundo de garantia,
Mas aquele desespero...
Eu sentia dor de barriga,
Cansaço, suor e fadiga,
E bem longe de um banheiro!

Acho que foi um milagre,
Um choque me estremeceu,
Senti na minha careca,
Algo quente que desceu.
Foi um pombo que voava,
Sua merda que largava,
E o escolhido fui eu...

Olha só a natureza...
Aí tudo mudou!
Limpei a minha careca,
Minha agonia passou.
Todos acharam graça,
Uma comédia na praça,
Minha disposição voltou.

Comecei a escrever,
De repente, um poema!
percebi o meu talento,
Com métrica, gênero e tema.
Rápido, a fila andou,
Vários versos de amor,
E eu já não via problemas.

Então chegou a minha vez,
Parei na frente do caixa,
A moça então me chamou,
E eu com a cabeça baixa.
Já era a décima poesia,
Fruto de um longo dia,
Onde a vida se encaixa.

Agora sou um poeta,
Sou feliz em afirmar,
Eu cumpri a minha meta,
Estou aqui pra amar.
Fazer muitos amigos,
Escrever muitos artigos,
E um pombo, eu vou criar...

Carlos Mambucaba




O MUNDO DA FEIRA LIVRE

Vou falar do que passei,
Quando criança, na feira,
E do meu grande facínio,
A minha vida inteira.
Oito anos de idade,
Já enxergava verdades,
E em diversas maneiras.

Um moleque muito esperto,
Sempre fui, quando pequeno,
Dinâmico e sonhador,
Mas um garoto sereno.
Atento, eu observava,
Olhos abertos, eu ficava,
Pra nunca usar veneno.

A prática da feira livre,
É de certo, muita antiga,
Os gritos dos vendedores,
Gente como formigas.
O vai e vem de caixotes,
Frutas, em dúzias e lotes,
Quase não se via brigas.

No meio daquilo tudo,
Minha cabeça fervilhava,
Um jeito de ganhar dinheiro,
Vendia-se ou se comprava.
Então veio a idéia,
Como mel na colméia,
A coisa, já se encaixava.

Entrei no ramo do transporte,
E construí um carrinho,
Destes, de rolimã,
Com a ajuda do vizinho.
Com madeiras de sucatas,
De enfeites, algumas latas,
Feito com muito carinho.

Pra entrar na concorrência,
Eu tive que me informar,
Se era preciso licença,
Onde podia ficar,
Aí, fui bem recebido,
E com meu jeito atrevido,
Comecei a trabalhar.

Em um estilo cativante,
Alegre e comprometido,
Fregueses não me faltavam,
Meu dia não era comprido.
Já seis horas da manhã,
Laranja, banana e maçã,
Os frutos já eram vendidos.

A melancia e o abacaxi,
A tangerina e o morango,
De tudo tinha na feira,
Legume, verdura e o frango.
À tarde, na hora da xepa,
Começava a promoção,
O preço de tudo baixava,
Era a hora do povão,
E eu que não era besta,
Nem precisava de cesta,
Tinha um carrinho nas mãos...

Todo sábado e domingo,
Nossa feira garantida,
E eu tinha muito orgulho,
Como se missão cumprida.
Na semana, eu estudava,
No final, eu trabalhava,
Não foi infância perdida.

Minha família formada,
Com esposa e dois filhos,
Continuo um sonhador,
Mas com a vida nos trilhos.
Faço letras com amor,
Sempre peço, por favor,
No olhar, o mesmo brilho!




Carlos Mambucaba


FLORES A ANGRA DOS REIS

 Na conquista eminente,
Os índios perderam espaço,
Na luta, sobreviventes,
Sob a força do branco aço.
Nessa intensa inconstância,
Foi marcada a distância,
Entre quem manda e quem obedece.
Definiu-se assim o destino,
Nas unhas de um bravo felino,
O mais fraco, sempre padece.

Os escravos, na labuta,
Com suor, deixaram marcas,
Em uma intensa disputa,
Entre o tronco e a chibata.
As riquezas afloraram,
Pela força, cá deixaram,
Vestígios de dores e glórias.
Em uma luta constante,
Veteranos e principiantes,
Compartilharam as vitórias.

Mambucaba, história,
Misturada com o cheiro de terra,
Preservada na memória,
Entre o mar e as grandes serras.
De fazendas nas origens,
Ainda com matas virgens,
Caminhos de itinerantes.
Nossas lendas de tesouros,
Até o caminho do ouro,
Vindos de terras distantes.

O transporte no lombo do burro,
Escoando a produção,
Na lida, canções e sussurros,
Banana, café e feijão.
Do caboclo, a dura missão,
De preservar no coração,
A vontade de vencer.
A fé, mais um instrumento,
E a força dos quatro ventos,
Fez aumentar seu poder.

De Angra dos Reis, o cantinho,
Também o Quarto Distrito,
Sempre vista com carinho,
Convivência sem atritos.
Tem o Morro Boa Vista,
Que pra muitos, a conquista,
Exala a brisa do mar.
Vila Histórica é a marca,
Anfitriã e Matriarca,
Justiça a se destacar.

Praia Brava e Praia Vermelha,
Compõem o nosso cenário,
Beleza que pra todas, espelha,
Descritas em nosso diário.
O minério, com muita energia,
No fluxo da água do dia,
Alimenta os reatores.
Na roda viva da vida,
Pra nossa Angra querida,
Ofereço-lhe lindas flores.


Carlos Mambucaba

A NAVE DA VIDA

O começo, meio e fim,
Ninguém sabe ao certo,
As cabeças são confusas,
É a lei do mais esperto.
Palavras ditas ao vento,
Concretizadas com cimento,
Com areia do deserto.

São vagas as explicações,
Atitudes são tomadas,
Nos templos das ilusões,
As verdades são guardadas.
Um lendário templário,
Pode sair de um armário,
Com espadas e flechadas?..

Buscar, sempre o caminho,
O tempo não dá sossego,
Os portais têm espinhos,
Mas na fé, tem aconchego.
Quem procura uma resposta,
Achará várias propostas,
Até mesmo, o desapego.

Uma mente bem arejada,
Facilita à reflexão,
Ao invés de insanas pedradas,
Vale mais a compreensão,
Assim se planta a semente,
É mais um sobrevivente,
Chamado então “de irmão.”

O sentido de toda vida,
É evitar a extinção,
A resposta talvez esteja,
Na palma de cada mão.
Cada um tem sua chave,
É piloto da sua nave,
No compasso do coração.



Carlos Mambucaba


INSTINTO

INSTINTO

Caçador e coletor,
Atributos definidos,
Na essência, seu valor,
O elo nunca perdido.
O homem, na sua história,
Sempre guardou na memória,
E na genética, preservada.
À caçada, o mais forte,
Desafiando a morte,
Numa constante empreitada.

Mulheres, velhos e crianças,
Na função de catadores,
Resistência e esperanças,
Revelaram-se promissores.
A cada dia um desafio,
A vida por um fio,
No fogo, a salvação...
No jogo de ferro quente,
O domínio, conveniente,
Exercício de escravidão.

Ferramentas de combate,
De vencer ou perder,
Sempre fizeram parte,
Da conquista do poder.
Definiram-se as linhagens,
Foram feitas as passagens,
Heranças em gerações.
As terras foram marcadas,
As tendências reveladas,
Um turbilhão de emoções.

Na conquista do espaço,
As escolhas foram feitas,
Marcado a fogo e aço,
Algumas vezes, perfeitas.
O homem moldou seu destino,
Assemelhou-se ao Divino,
E não parou de inventar.
Já não seria surpresa,
Surgir entre essas proezas,
Uma maquina de fazer amar...



Carlos Mambucaba


O GÊNIO DA LÂMPADA

Faça já o seu pedido,
Seus sonhos realizarei,
Eu sou o gênio da lâmpada,
E ainda não errei!
Pode ser prata ou ouro,
Uma ilha do tesouro,
Uma mansão pra morar.
Faço jus o meu nome,
Não sou homem nem lobisomem,
Mas há magia no ar...

Se adulto ou criança,
Se homem ou mulher,
Não importa quem seja,
Vou lhe dar o que quiser!
Eu sou excepcional,
Um gênio de alto astral,
De força e magnitude.
Aaaah... já ia me esquecendo!
Mesmo que merecendo,
No amor, não se ilude...

Não pense que eu menti,
O que falei é verdade!
É que amor é difícil,
Não é por minha vaidade!
Mesmo com todo o poder,
Até viver ou morrer,
Mas não sei fazer amar...
Se esse item for excluído,
Não fizer parte do pedido,
O resto posso lhe dar...


 
Carlos Mambucaba





O INICIO DE TUDO


Nascer é uma façanha,
De ser um, entre bilhões,
Direito entre razões,
Da sorte, o troféu ganha.
Se não chora, ainda apanha,
É o choque de estar vivo,
Provar que está ativo.
Da vida é um presente,
A família está contente,
Na certa, um bom motivo!

O sentido do olfato,
Entra em cena rapidamente,
O bebe já usa a mente,
E a mãozinha pro tato.
Isso logo após o parto,
Natural e compreensivo,
Automático e decisivo.
Pra ele conveniente,
A família está contente,
Na certa, um bom motivo!

O instinto, outra vez em cena,
Liga o sinal de alerta,
Com uma mensagem certa,
Em um grito que já dá pena.
A mãe, um tanto serena,
Com seu lácteo nutritivo,
Já tem um cliente cativo.
Acalenta o docemente,
A família está contente,
Na certa, um bom motivo!

Depois da barriga cheia,
O sono se manifesta,
O anjinho faz a festa,
À espera da próxima ceia.
De toca, luva e meia,
Atributos preventivos,
pra afastar o nocivo.
Na fase do amor ardente,
A família está contente,
Na certa, um bom motivo!


Essa fase logo passa,
Decorrência da infância,
O tempo, na sua distância,
A dependência repassa.
Das brincadeiras na praça,
Das brigas e corretivos,
Vai se formando o arquivo.
Ampliando-se a corrente,
A família está contente,
Na certa, um bom motivo!




Carlos Mambucaba

MINHAS RAÍZES


Eu sou um caridestino,

Eu explico a conclusãoNão está nas minhas mãos,

O traçado do destino!

Carioca e nordestino,

Nas raízes eu me apego,

Quem dá valor às origens,

É como sentir as vertigens,

A força do sangue eu não nego!

Minha mãe, Pernambucana,


O meu pai, um Mineiro,

E em busca de dinheiro,

Correndo atrás de uma grana,

Trabalhou pra um bacana,

Aqui no Rio de Janeiro.

Profissional motorista,

Ambicioso na conquista,

Tornou-se até fazendeiro.


Intencionado criar gado,

Lhe faltava experiência,

Na instrução, a carência,

Um passo foi dado errado,

Consequência, endividado.

O problema financeiro,

Livrou-se com inteligência,

Só sobrou pra emergência,

E virou um marinheiro.


Minha mãe, batalhadora,

Pé no chão e realista,

Sempre trilhou a conquista,

Mas também uma amadora.

Não estudou pra ser doutora,

Mas teve a sua vitória,

Virou a dona do negocio,

Não precisou nem de sócio,

Pra fazer a sua história.



Tudo isso é pra mostrar,


Que eu adoro um cordel,

Até uso um anel,

Onde se pode provar,

Que foi lá no Ceará,

Que conheci a Maria.

Minha parceira de alma,

E é ela que me acalma,

Na minha intensa euforia!  





Carlos Mambucaba





UM NOVO HOMEM


Vestígios de um novo homem,
Surgiram em minha alma,
O fogo que me consome,
Que me alegra e me acalma.
Serena tranquilidade
Verdades da minha idade,
Da criação a reflexão.
Visão bem mais ampliada,
A cabeça mais antenada,
Em uma intensa paixão!

Viver assim que é bom,
Enxergar mais distante,
Captar novo som,
O sol, ainda brilhante.
E cada vez mais presente,
Ideias novas na mente,
Pra se dar e receber.
Praticar as loucuras,
Sem remorsos e torturas,
Saber amar é viver!

Quem chegou nesse estágio,
Consegue grandes proezas,
Até deixou de ser frágil,
Sabe transpor as tristezas.
A força vem da coragem,
E no espelho, a imagem,
De quem vive intensamente.
No reflexo, ainda contido,
O brilho não foi perdido,
A luz da vida não mente! 
Carlos Mambucaba





A BUSCA DA IMORTALIDADE

Não busco fortuna nem fama,
Mas, a imortalidade!
Ainda com um pouco de drama,
Só excêntrica vaidade.
Não ser egocêntrico,
Mostrar-se autêntico,
No mínimo, louvável.
É sonho de poeta,
Almejar essa meta,
É nobre e saudável!

Metáfora evidente,
Objetivo do ser,
Conclusivo e eminente,
É pra se entender.
A arte e o artista,
De um ponto de vista,
Valores agregados.
A crítica é preciso,
É mais um aviso,
Avaliar e avaliados!

O ser imortal,
Devera ambição,
É fundamental,
Não sermos em vão!
Por isso escrevo,
E acho que devo,
Mostrar o que faço.
Se um, reconhecido,
Então merecido,
A conquista do espaço!
Carlos Mambucaba





MINEIRINHA ESPEVITADA

Mineirinha espevitada,
Já é o quarto marido!
Extrovertida e animada,
Agora, um bom partido...
Com esse, a vinte anos,
Concluídos vários planos,
Muito amor e felicidade.
Tem dois filhos e é sincera,
É romântica e espera,
Saúde na boa idade.

Sessenta e seis tem de vida,
De força e disposição,
Nunca está deprimida,
E curte a solidão...
Maria é o seu nome,
De Lourdes seu sobrenome,
De vigor e atitude.
Uma mulher de valor,
Tem a marca do amor,
Estampada na virtude.


Carlos Mambucaba






PARABÉNS PRA VOCÊ

Faço votos com alegria,
Com consciência e amor,
Pois sua fé contagia,
És um homem de valor.
Nesse seu aniversário,
Não há adversário,
Que se oponha a esse evento.
Homenagem merecida,
Mais um exemplo de vida,
Reconhecido o talento.

Sua lenda pessoal,
Tem a marca da virtude,
O seu nome é Amaral,
És um homem de atitude.
Todos aqui presentes,
No comitê do parente,
Parabéns, irão cantar.
Nessa data tão marcante,
Mais um amigo importante,
Para a vitória alcançar. 



Esse poema em cordel é uma homenagem a um grande amigo.
Carlos Mambucaba





MERECIDO RECONHECIMENTO

Testemunho com louvor,
Lecionar com amor,
O resultado é evidente.
Conduta inquestionável,
Administração responsável,
Na sociedade, presente.
A minha contribuição,
É mostrar o valor,
Dessa instituição,
E não é nenhum favor.

São trinta anos de história,
Preservada na memória,
Dedicação e paixão.
De ensino fundamental,
A base universal,
Em constante evolução.
Na direção tem Jamila,
E seus colaboradores,
E eu estou nessa fila,
De senhoras e senhores.

Na escola Frei Bernardo,
O prédio, em ótimo estado,
Excelente preservação.
Abriga não só a cultura,
Mas também a estrutura,
Da nossa população.
São muitos serviços prestados,
Marcante a sua presença,
Inúmeros predicados,
É nossa a recompensa!

Esse poema em cordel, foi feito a pedido da professora e Diretora Jamila, da Escola Municipal Frei Bernardo, Parque Mambucaba, no municipio de Angra dos Reis. RJ, em comemoração aos trinta anos da instituição de ensino. Esse poema, fará parte de um livro de poesia, que será publicado essa semana, em comemoração ao evento.
Carlos Mambucaba




HOMENAGEM MERECIDA


Fiquei muito animado,
E bastante comovido,
Como se ouro perdido,
No Recanto foi achado.
Um cabra abençoado,
Com um talento literário,
O b a bá do primário.
A literatura de cordel,
Agradável como mel,
Do nordeste, necessário!

Não é pompa nem confete,
O reconhecido valor,
Não é preciso ser doutor,
Pra passar nesse teste.
Quem sabe não promete,
Não se esconde no armário,
Se primário ou secundário.
A literatura de cordel,
Agradável como o mel,
Do nordeste, necessário!

Homenagem merecida,
Carlos Aires, meu xará,
E agora passará,
Como promessa cumprida.
A ser parte de uma vida,
Constando no meu calendário,
Como se fosse hereditário.
A literatura de cordel,
Agradável como o mel,
Do nordeste, necessário!




ESSA HOMENAGEM, ACREDITO SER JUSTA, MESMO NÃO O CONHECENDO PESSOALMENTE, A SUA OBRA JÁ ME É O BASTANTE. PARABÉNS CARLOS AIRES!
Carlos Mambucaba





O CANDIDATO

Façamos um candidato,
Um real representante,
Que tenha na sua historia,
Um conteúdo importante.
De luta e perseverança,
Representante da esperança,
Atuante e constante.

Quem já faz há vários anos,
Pode falar de cadeira,
Nunca por baixo do pano,
Não é de falar besteira.
Sua obra é conhecida,
Homenagem merecida,
Uma estrada sem fronteira.

Hoje, o único capaz,
Entre tantos merecedores,
Isso, já constatado,
Sem farsas e sem pudores.
Queremos um candidato,
Representante de fato,
Na câmara dos vereadores!

Quem tem coragem vai falar,
Pode até ser insistente,
O voto é pra mudar,
Esse é o nosso presente.
Venha também fazer parte,
Política é uma arte,
E o seu nome é parente!

Esse texto foi feito por encomenda, e o nome do candidato a vereador é mesmo PARENTE.  Isso, para que não haja dúvida, que ouve apoio ao nepotismo, prática que eu condeno .  Carlos de Almeida.
Carlos Mambucaba



UM HOMEM DE COMPROMISSO

Nem sempre um amigo é parente,
mas esse parente é amigo!
Aqui, se fez presente,
seu coração, um abrigo.
Sua presença marcante,
valor de um diamante,
a comunidade agradece.
Nunca fugiu de uma luta,
sempre esteve na disputa,
por trabalhar, ele merece...

Até os adversários,
reconhecem a sua virtude...
De campanha muito limpa,
nunca faltou atitude.
Política, a sua vida,
nossa cidade querida,
vamos fechar a aresta?
É nosso o vereador,
com consciência e amor,
nossa Angra está em festa!

Parente, a sua vitória,
representa para o povo,
uma esperança de glória,
a conquista de um novo!
Mambucaba é agora!
quem sabe faz a hora,
vamos mostrar o serviço?
Uma voz na multidão,
um homem de decisão,
certeza de compromisso!


Esse texto foi feito por encomenda, e o nome do candidato a vereador é mesmo PARENTE.  Isso, para que não haja dúvida, que ouve apoio ao nepotismo, prática que eu condeno .  Carlos de Almeida.
Carlos Mambucaba






A PROFECIA


O fim está próximo,
Vejo- o marcando lugar!
Os sinais estão visíveis,
Já não dá pra disfarçar!
Não quero ser pessimista,
Nunca fui ao analista,
Mas tudo nos faz sentido.
Por poder e ganância,
Enfrentamos a circunstância,
De um projeto perdido.

Em indícios eminentes,
As matas são devoradas,
Os rios são devastados,
Flora e fauna atropeladas.
O ar que respiramos,
O mar que tanto amamos,
Estão sendo maltratados.
Em nome do progresso,
Só cometemos excessos,
Todos nós prejudicados.

Eu queria acreditar,
Que ainda há solução!
Que dá tempo de afirmar,
Que errei na conclusão!
Mas vejo em nosso futuro,
Um destino obscuro,
Com muita dificuldade.
Acho fácil então prever,
O que vai acontecer,
Com a nossa humanidade.

Se não, a extinção,
Uma grande mudança!
Química e biológica,
Nossa provável herança!
Se o planeta não resistir,
Dará tempo de partir,
A um novo recomeço?
Se criação ou evolução,
Se ciência ou religião,
Nós pagaremos o preço!




Carlos Mambucaba







MINHA VÃ FILOSOFIA

Sinto vida na vida,
Angustia sofrida,
Pensar em perder.
Não sei se já posso,
Lidar com o remorso,
Razão sem querer.

Ação infinita,
Às vezes maldita,
A busca do ser.
Talvez sem maldade,
O instinto que arde,
Viver pra morrer.

Se a filosofia,
A mente atrofia,
Não sei o que pensar.
Metáfora da sorte,
Entre o Sul e o Norte,
meu defeito é te amar.

Vem sempre a razão,
No alto ou no chão,
No mar, nas estrelas,
Quem pensa demais,
Não sabe o que faz,
Pra se dar, concedê-las...






Carlos Mambucaba








IRONIA DO MEU DESTINO


Nasci em Duque de Caxias,
Na Baixada Fluminense,
O doze me foi o dia,
A cidade, ao Rio pertence.
De um certo amor eu sou fruto,
Continuando o assunto,
Minha historia vou contar.
Criei-me na zona Oeste,
Em Campo Grande Campestre,
E não tão longe do mar.

Já na minha adolescência,
A vocação literária,
Já surgia com frequência,
Causando-me até urticária.
Fiquei às vezes nervoso,
Chamaram-me de preguiçoso,
De eu não gostar de matemática.
Literatura, o meu conflito,
Só me deixavam aflito,
E ansioso na prática.

Depois do segundo grau,
E com o hábito de escrever,
Já era coisa normal,
Sem tempo querer perder.
Minhas primeiras estrofes,
Estão trancadas no cofre,
Da humilde sabedoria.
Não me acho com talento,
Mas me mantenho atento,
Isento-me de porcarias.

Os anos assim passaram,
Família e amizade,
Meus filhos eu sei que herdaram,
A busca da felicidade.
Pois vale mais que dinheiro,
Não é só o financeiro,
A paz e a tranquilidade...
Sou poeta o dia inteiro,
Não o único, nem o primeiro,
Mas minha pura verdade!


Carlos Mambucaba






A RAPARIGA


Descobri uma rapariga,
Que gosta de fazer amor,
Tenho a ela muito apreço,
Pois me prestou um favor.
Com muita boa vontade,
Tirou-me a ingenuidade,
Uma mulher de valor...

Troca o dia pela noite,
É bonita e carinhosa,
É uma flor de doçura,
Mas não se engane com a rosa...
Se o cabra não tem pegada,
Então foge que é furada,
Pois a moça a perigosa...

Já até ouvi falar,
Que pras banda do sertão,
Muitos cabras já sofreram,
Comendo na sua mão.
Pois tentaram dominá-la,
Como égua, amansá-la,
Sendo pura ilusão.

A moça é espoleta,
Picante mais que pimenta,
Ajoelhou tem que rezar...
É muito fogo nas ventas.
Se o cabra se apaixonar
É arriscado não aguentar,
Quer ver? Então você tenta...
Carlos Mambucaba





BALAS PERDIDAS
Vi um homem esmolando,
Com uma cuia na mão,
Nos seus olhos a tristeza,
De quem não via salvação.
Numa porta de igreja,
Exposto como bandeja,
Sentado no frio chão.

Uma cena cruel,
Miséria que dava dó,
Difícil não enxergar,
A garganta dava um nó.
É mais comum que parece,
Sei que isso acontece,
Nesse exemplo, não estava só.

Confesso, fiquei curioso,
E sentei-me ao seu lado,
Cordialmente puxei assunto,
Procurei ser delicado.
Na intenção de saber,
Sua vida conhecer,
Sem ser mal educado.

Conquistei-lhe a confiança,
E lentamente, ele se abriu,
Já com lágrimas nos olhos,
Discretamente ele sorriu.
Descobri que por amor,
Aquele velho senhor,
Desiludido sucumbiu.

Tinha uma bela família,
Felicidade no lar,
Cinco filhos e esposa,
Tinha razão pra amar.
Mas em um trágico acidente,
Todos estavam presentes,
Só ele se pôde salvar.

Desse dia em diante,
Sua vida perdeu o sentido,
Médico de profissão,
Passou a viver deprimido.
Largou tudo pra trás,
Ainda um belo rapaz,
Saudade dos entes queridos.

E que sirva de lição,
Pra quem pensa que a vida,
É somente um mar de rosas,
Mas pra muitos é sofrida.
E a moral da história,
Que se preserve na memória,
O risco de balas perdidas...
Carlos Mambucaba






A VACA DO FAZENDEIRO

Tem pastos e muitas vacas
Na cidade Queiroz do Turco
Basta seguir as placas
Pelas bandas de Pernambuco
A cidade ficou famosa
Depois que o jovem Barbosa
Foi dado como maluco

O episódio começou
Bem cedo, na adolescência
Quando uma bezerra ganhou
Por motivo de carência
O ato, um incentivo
Visto o seu lado afetivo
Sofria por grande ausência

A mãe havia morrido
O pai, um fazendeiro
Lhe deu o animal
Pra lhe servir de companheiro
Com a bezerra ele brincava
E muito tempo passava
Sendo o único herdeiro

Depois de um certo tempo
O tempo se encarregou
Já com mais de vinte anos
Seu Barbosa ele virou
Das tarefas na fazenda
Não há o que não aprenda
Só que nunca namorou

A sua amiga bezerra
Virou a vaca Quequé
Na sua própria casinha
Bebe leite de colher
E o grande comentário
De todos os funcionários
Que dele, virou mulher...

Motivo de grande alvoroço
Por todos no povoado
Mas que loucura seu moço...
Saiba que isso é pecado!
O bezerro que nasceu
com a cara dele, morreu!
Eta cabra safado...
Carlos Mambucaba








A FUGA DO BURRO

Em nossa casa apareceu
Um homem chamado Dirceu
E nos disse que perdeu
Um burro na vizinhança
Foi domingo bem cedinho
Acordou gritando os vizinhos
E o meu filho Joãozinho
Também entrou na dança

Já todos então acordados
Alguns mal humorados
Só nos restava a ocorrência
O tal Dirceu um matuto
Com aparência de luto
Pois trajava roupas pretas
Com um chicote na mão
Na cinta um grande facão
Montado numa lambreta

As vestes sujas de lama
Constatava o seu drama
Na procura do bichano
O animal Frederico
Tinha fugido do circo
Agressivo e insano
Aos coices arrombou as grades
Da jaula sem piedade
Causando um grande dano

Então fomos descobrir
Porque tanto insistir
O Dirceu em nos chamar
Do circo era o dono
Interrompeu nosso sono
Para seu burro pegar



No fundo do nosso quintal
O dito cujo animal
Com uma jumenta a trepar
Parecia estar no cio
Motivo do curto pavio
Quem é que vai condenar?...
O engate estava feito
Embute muito perfeito
Acho melhor esperar...


Carlos Mambucaba
Enviado por Carlos Mambucaba em 03/05/2006
Reeditado em 11/08/2008
Código do texto: T149829
Classificação de conteúdo: seguro


PEDIDO DE CASAMENTO

Entrei pra pedir a mão
Da mulher que eu amava
Ao passar pelo portão
Sua família me esperava
Até então educados
Me convidaram a entrar
Em um sofá acolchoado
Tratei de me sentar!

De pé estavam seu pai
Sua mãe e seu irmão
Sua prima da cidade
E a tia Conceição
Olhavam pra mim intrigados
Com coceira na garganta
Endemia de pigarros
E já na hora da janta!

A senhora Filomena
A mãe da minha amada
Iniciou aquela cena
Me dando a primeira estocada:
-Vai casar com a minha filha?
-De onde você é?
-Já está comprada a mobília?
-Anda de carro ou a pé?

Antes de eu dar a resposta
O pai, um velho sisudo
Me deu um tapa nas costas
E acho, que um leve cascudo!
Com um tom de nada manso
Querendo saber de tudo
Já me cobrando a resposta
Como se o dono do mundo!

Eu já tinha ensaiado
Tudo que iria falar
Mas me senti pressionado
Com o rumo que estava a tomar
A minha primeira palavra
Foi cortada pelo meio
Pela tia Conceição
Sem fazer nenhum rodeio!

Disse que veio de longe
E estava preocupada
Com a sobrinha Carol
Com sintomas de embuchada
Que não sairia dali
Sem uma data marcada!
O desespero me chagava
Apontando uma furada

O irmão de Carol
Um gigante marombeiro
Impaciente já estava
Me deixando em desespero
Sua cara de mavaldo
Naquele corpo suado
Já me deixava intrigado
Tomara que eu saia inteiro!

A prima intrometida
A ninguém pediu permissão
Puxou Carol pelos braços
Em um violento puxão
Foi então que minha amada
Interviu ao nosso favor
Declarou-se apaixonada
Dizendo ser, meu amor!

Eu fui salvo pelo gongo
Agradeço a sua prima
Por tocar a Carolina
Tenho a ela muita estima!
Sem nada eu quase falar
Fomos pra mesa jantar
Depois de quase apanhar
No auge daquele clima!

Em breve vamos casar
E pra dizer a verdade
Com seus pais, vamos morar
É a dura realidade
Em um breve convite
Aceitei rapidamente
Nosso filho já vai nascer
Por enquanto, conveniente...

Carlos Mambucaba
Enviado por Carlos Mambucaba em 12/04/2006
Reeditado em 07/09/2008
Código do texto: T138199
Classificação de conteúdo: seguro



A APOSTA MACABRA

Olhei bem sério e falei:
-Esta aposta eu aceitei,
então não vou recuar,
e no portão eu vou entrar.
Olhei bem para a entrada,
pensei na minha amada,
parecia madrugada,
a lua estava brilhante,
ajudando o viajante,
que aceitou a empreitada.
A aposta era pesada,
no cemitério eu estava,
será que eu vou ter coragem?
Não dá mais pra recuar,
o jeito é mesmo rezar.
Rezar pra que não apareça,
um bicho de sete cabeças,
que esta aposta eu mereça,
e que tudo em paz aconteça.
Faltavam dez pra meia noite,
o silêncio era um açoite,
com medo eu não estava,
pra mim mesmo eu falava.
Será que eu vou conseguir,
daqui entrar e sair?
No cemitério eu estou,
olhando de lado eu vou,
chegar até no cruzeiro,
pegar um osso inteiro,
ai me Deus que desespero!
Minhas pernas estão tremendo,
se aparecer pra mim,
um bicho ou então um saci?
Será que eu vou conseguir?
Nem bem assim eu pensei,
quando lá no fundo eu avistei,
olhei pra aquela figura,
que surgia de uma sepultura.
Parei e fiquei olhando,
na minha direção veio andando,
não sei bem o que senti,
mas de vara verde eu tremi.
Tremi por estar olhando,
uma caveira andando,
logo eu que não acreditava,
e dos mais velhos zombava...
Estava diante de mim,
foi então que percebi,
e logo cai em si,
roguei por Nossa Senhora,
minha mãe, cuida de mim!...
A figura em ossada,
permaneceu um tempo calada,
da mesma forma eu estava.
A caveira então falou:
-Você sabe quem eu sou?
De que forma responder,
Se eu estava mesmo a tremer,
diante daquele ser,
eu pensei: Eu vou morrer!
Mais uma vez ela falou:
-Preste atenção por favor!
-Você aqui está,
é querendo blasfemar,
entrou no cemitério,
não levou a morte a sério,
e veio aqui roubar!
-Uma chance vamos lhe dar,
pelo mesmo caminho voltar,
eu fui o velho coveiro,
do cemitério inteiro,
assim que você entrou,
percebi pelo seu cheiro,
que está aqui por dinheiro!
-Vai embora seu arteiro,
pois eu chamo o açougueiro,
que também é meu companheiro,
e você vai perceber,
que nós temos o poder,
de lhe fazer crê,
e a morte conhecer!
Naquele momento em diante,
pra aquela caveira falante,
virei de costas em um instante!
Não sei como consegui,
mas a ladeira desci,
de forma tão apressada,
a minha calça já rasgada,
a minha cueca melada,
eu tropecei na escada,
eu já não via mas nada!
Do cemitério eu sai,
foi então que eu percebi,
que até os sapatos perdi!
Quando em casa cheguei,
um terço inteiro rezei,
e nunca mais abusei,
nem tão pouco duvidei!
Da morte agora eu sei,
que devemos ter respeito,
e este é o único jeito,
de agirmos direito,
de fazermos a coisa certa,
pense bem, não caia nessa,
até hoje pago promessa,
pra morte tão cedo eu não vê,
é dureza, pode crer!
E do fundo do meu ser,
se essas linhas você ler,
irá então perceber,
que este tipo de aposta,
não vale apena vencer!

CORDEL,DO LIVRO: POESIAS DE UM SONHO.
Carlos Mambucaba
Enviado por Carlos Mambucaba em 18/01/2006
Reeditado em 12/02/2010
Código do texto: T100688
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